quinta-feira, 16 de junho de 2011

E essa coisa de dignidade?

Esses dias a caminho para uma festa um dos meus amigos comentou que uma moradora de rua havia morrido na noite passada devido ao frio.
A conversa fazia parte de uma série de comentários que surgiam conforme íamos andando, porém, essa situação que nas palavras dele era comum e de certa forma de se esperar, tinha um agravante muito grande. A dignidade dos moradores de rua e a tranquilidade com que ele narrava o acontecido.
Apesar da minha indignação, continuamos a andar, fomos a balada, nos divertimos, voltamos pra casa, dormimos com dois ou mais edredons e ainda durante a noite tivemos o mimo de receber ainda na cama uma xícara de chocolate quente.
Conclusão, a situação que pareceu comum aos olhos do meu amigo, na verdade é comum aos olhos da sociedade. Hoje o crime, o trabalho infantil, o roubo, o estupro, o vandalismo, as drogas e as bebidas, já fazem parte do dia-a-dia das pessoas.
Apesar do jornalismo justiceiro feito por apresentares como Datena, isso na minha opinião de nada serve e só mostra que situações reais viram um grande espetáculo midiático. Pessoas morrendo, jornalistas mostrando, governantes dizendo que vão arrumar, e mais bláblábláblá.
Final da história nada resolvido, os problemas continuam e a imprensa passa a pautar uma coisa mais interessante. De quem é a culpa? Do Datena, dos Governantes, ou de nós que presenciamos diariamente situações desumanas e nada fazemos?
Responder a essa pergunta nos torna críticos de nós mesmos, e nos mostra que às vezes, e na maioria das vezes fazemos a opção por não enxergar e não ouvir o grito de socorro de quem espera uma esmola dos governantes, e que morre no anonimato sem sequer um pingo de dignidade.

Não posso mudar o mundo, mas atitudes individuais irão iniciar esse processo. Fazer a nossa parte é essencial.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é William (com "m" de macaco), você consegue levantar pontos muito legais, é muito fácil olhar na tv e criticar nosso querido deputado Tiririca (não faço idéia do nome dele), mas acho que é mais fácil ainda fazer isso deitado em nossas camas em baixo de cobertas...
Não tiro minha culpa também em fazer menos do que deveria, e as vezes me pego pensando se não sou tão ou até mais culpado, afinal tenho plena ciência da minha condição (a ignorância é uma benção).

Tento mudar isso fazendo pelo menos um pouco do que posso.
Atitudes individuais podem iniciar, mas ainda creio que o coletivo um dia mude pra melhor.

Se não me engano foi Anne Frank (uma judia vitima d holocausto, e por favor alguém me corrija se estiver errado), quem disse nas ultimas paginas de seu diário antes de ser capturada pelos alemães: "Apesar de tudo eu ainda creio na bondade humana" e se ela pode dizer e pensar isso, acho que é obrigação minha também crer!

Abraço meu amigo!